Estudos demonstram que a doença, cada vez mais recorrente nos seres humanos, também é diagnosticada com frequência em cães e gatos
25/05/2021 - 10:54 | Atualizado em 10/02/2023 - 16:13
As doenças comportamentais são frequentes e reduzem a qualidade de vida dos animais, gerando ansiedade, pânico, agressividade, fobia, alteração de humor e sono. Urina e fezes em locais inapropriados também são observadas nestes casos. Assim, a minha coluna de hoje aborda um assunto delicado: depressão em cães e gatos.
É importante diferenciar problemas comportamentais de outras doenças com sintomas parecidos. Ambos os sexos e todas as raças podem sofrer da depressão, entretanto, alguns trabalhos estão sendo feitos no sentido de estabelecer ligações entre características físicas, comportamentais e mutações gênicas.
Já foram demonstradas características comportamentais herdadas, incluindo a habilidade de arrebanhamento dos Borders Collies e a aptidão de busca dos Retrievers, entre outros exemplos. Da mesma forma, características “ruins”, como propensão a desenvolver a depressão e a ansiedade, também podem estar relacionadas à genética, tornando algumas raças mais susceptíveis do que outras. Acredita-se que haja maior predisposição do quadro depressivo em cães de companhia, talvez por possuírem maior dependência emocional do dono. Empiricamente, a experiência prática nos leva a crer que raças como Labrador e Cocker Spaniel sejam propensas à depressão.
Os sinais da depressão são: redução do apetite, excesso de sono, perda de peso, tristeza e isolamento dos demais membros da casa. Para ajudar o doente é necessário consultar o médico veterinário de sua confiança para que o profissional identifique a causa do problema e oriente a melhor forma de tratamento. A terapia comportamental consiste em alterações ambientais e na rotina do animal, associada ou não à terapia com medicamentos.
Enriquecimento do ambiente com sons, brinquedos, atividades físicas, interações sociais, adaptação gradual às novas situações e mudanças de rotina ajudam a reduzir a probabilidade do animal ficar depressivo ou ansioso. Junto à terapia comportamental podem ser associados medicamentos antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos, florais, homeopatias, fitoterapias e até sessões de Acupuntura.
As causas da depressão animal normalmente são diferentes daquelas em humanos. Os animais geralmente a desenvolvem por mudanças ambientais. Logicamente que causas físicas acabam por alterar os neurotransmissores nos cérebros de pessoas e animais, da mesma maneira, caracterizando a depressão como uma doença e não como um estado momentâneo. É comum também a depressão secundária fisiológica, decorrente de estresse cirúrgico, hipotireoidismo, cardiopatias, problemas nutricionais etc. É por isso que se torna importante a identificação da causa de cada caso para o tratamento específico.
Devemos diferenciar a tristeza momentânea (perda de um ente querido, mudança de casa, chegada de um novo membro à família), que normalmente é passageira e exige adaptação, da depressão como forma de doença, que acaba sendo mais prolongada e deve ser tratada até com medicamentos. É comum que as “tristezas momentâneas”, quando não tratadas corretamente, levem a um estado depressivo. Para evitar isso é interessante procurar orientação de profissionais da área de Comportamento Animal.
A depressão e os problemas comportamentais têm cura, mas exigem dedicação e carinho por parte dos tutores. Exercícios físicos regulares de acordo com a raça e a idade do animal, bem como interações sociais com outros bichanos e pessoas também reduzem a incidência do problema. Em suma, sempre trate o seu pet com amor!
A médica veterinária Janaina Biotto é especialista em Anestesia, Oncologia, Ozonioterapia e Acupuntura. Atende no Vila Chico Pet Hotel, em Botucatu/SP