Não podemos confundir o que é normal com o que é comum. Solidão é comum, mas não é normal. Estar acima do peso pode ser comum, mas não é normal. Não se deixe levar pelo mundo ao seu redor

Paulo Vieira

Não existe apenas um caminho para nos realizarmos. Há inúmeras possibilidades que poderão nos levar muito além do que imaginamos. Não existem fórmulas de sucesso, mas princípios a seguir

Flávio Augusto da Silva


Meu Pet

Depressão em pets. Isso existe?

Estudos demonstram que a doença, cada vez mais recorrente nos seres humanos, também é diagnosticada com frequência em cães e gatos

25/05/2021 - 10:54 | Atualizado em 10/02/2023 - 16:13

As doenças comportamentais são frequentes e reduzem a qualidade de vida dos animais, gerando ansiedade, pânico, agressividade, fobia, alteração de humor e sono. Urina e fezes em locais inapropriados também são observadas nestes casos. Assim, a minha coluna de hoje aborda um assunto delicado: depressão em cães e gatos.

É importante diferenciar problemas comportamentais de outras doenças com sintomas parecidos. Ambos os sexos e todas as raças podem sofrer da depressão, entretanto, alguns trabalhos estão sendo feitos no sentido de estabelecer ligações entre características físicas, comportamentais e mutações gênicas. 

Já foram demonstradas características comportamentais herdadas, incluindo a habilidade de arrebanhamento dos Borders Collies e a aptidão de busca dos Retrievers, entre outros exemplos. Da mesma forma, características “ruins”, como propensão a desenvolver a depressão e a ansiedade, também podem estar relacionadas à genética, tornando algumas raças mais susceptíveis do que outras. Acredita-se que haja maior predisposição do quadro depressivo em cães de companhia, talvez por possuírem maior dependência emocional do dono. Empiricamente, a experiência prática nos leva a crer que raças como Labrador e Cocker Spaniel sejam propensas à depressão.

Os sinais da depressão são: redução do apetite, excesso de sono, perda de peso, tristeza e isolamento dos demais membros da casa. Para ajudar o doente é necessário consultar o médico veterinário de sua confiança para que o profissional identifique a causa do problema e oriente a melhor forma de tratamento. A terapia comportamental consiste em alterações ambientais e na rotina do animal, associada ou não à terapia com medicamentos. 

Foto cedida
Ao observar sinais da depressão em seu pet procure o médico veterinário

Enriquecimento do ambiente com sons, brinquedos, atividades físicas, interações sociais, adaptação gradual às novas situações e mudanças de rotina ajudam a reduzir a probabilidade do animal ficar depressivo ou ansioso. Junto à terapia comportamental podem ser associados medicamentos antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos, florais, homeopatias, fitoterapias e até sessões de Acupuntura.

As causas da depressão animal normalmente são diferentes daquelas em humanos. Os animais geralmente a desenvolvem por mudanças ambientais. Logicamente que causas físicas acabam por alterar os neurotransmissores nos cérebros de pessoas e animais, da mesma maneira, caracterizando a depressão como uma doença e não como um estado momentâneo. É comum também a depressão secundária fisiológica, decorrente de estresse cirúrgico, hipotireoidismo, cardiopatias, problemas nutricionais etc. É por isso que se torna importante a identificação da causa de cada caso para o tratamento específico.

Devemos diferenciar a tristeza momentânea (perda de um ente querido, mudança de casa, chegada de um novo membro à família), que normalmente é passageira e exige adaptação, da depressão como forma de doença, que acaba sendo mais prolongada e deve ser tratada até com medicamentos. É comum que as “tristezas momentâneas”, quando não tratadas corretamente, levem a um estado depressivo. Para evitar isso é interessante procurar orientação de profissionais da área de Comportamento Animal.

A depressão e os problemas comportamentais têm cura, mas exigem dedicação e carinho por parte dos tutores. Exercícios físicos regulares de acordo com a raça e a idade do animal, bem como interações sociais com outros bichanos e pessoas também reduzem a incidência do problema. Em suma, sempre trate o seu pet com amor! 


Foto:

Janaina Biotto contato@vilachicopethotel.com.br

A médica veterinária Janaina Biotto é especialista em Anestesia, Oncologia, Ozonioterapia e Acupuntura. Atende no Vila Chico Pet Hotel, em Botucatu/SP

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